03 May
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3 de maio de 2025 — Gaza | Tel Aviv | Nações Unidas

Um ataque a um comboio marítimo de ajuda humanitária à Faixa de Gaza, ocorrido nesta quarta-feira, deixou pelo menos 20 mortos e mais de 60 feridos, entre eles civis palestinos e voluntários internacionais. Os navios, que transportavam alimentos, água potável, medicamentos e tendas para abrigos temporários, foram atingidos por drones explosivos ao se aproximarem do litoral de Khan Yunis. O ataque foi condenado por organizações internacionais e provocou forte comoção na comunidade diplomática global.


A ONG Freedom Flotilla Coalition, responsável pela missão humanitária, acusou diretamente o governo israelense, afirmando que as embarcações estavam desarmadas, navegavam em águas internacionais e haviam informado sua rota com antecedência às autoridades israelenses e egípcias. Israel, por sua vez, não assumiu a autoria do ataque, mas declarou que "qualquer embarcação que se aproxime de zonas militares sem autorização poderá ser considerada uma ameaça".

Esse incidente reacende o temor de uma retomada do conflito armado entre Israel e o Hamas, que haviam firmado um cessar-fogo frágil no início de fevereiro, após meses de intensos confrontos que deixaram mais de 7 mil mortos desde o fim de 2023. A população de Gaza, já esgotada por anos de bloqueios, vive agora uma situação desesperadora: falta energia elétrica, hospitais operam sem insumos, e cerca de 70% da população está em insegurança alimentar.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, classificou o ataque como “intolerável” e convocou uma reunião de emergência do Conselho de Segurança. "A destruição de ajuda humanitária equivale a um crime de guerra, especialmente quando direcionada a civis em situação de vulnerabilidade extrema", afirmou. A União Europeia, os Estados Unidos, o Catar e a Turquia também exigiram uma investigação independente e a criação de um corredor humanitário supervisionado internacionalmente.

A médica síria Salma al-Khatib, voluntária da missão atacada, relatou momentos de pânico: “O céu ficou laranja. Ouvi gritos de crianças e vi colegas feridos tentando se proteger com caixas de medicamentos. Foi um pesadelo.” O navio onde ela estava atracada foi parcialmente destruído.

Israel alega que o Hamas utiliza rotas marítimas e caminhões humanitários para contrabandear armas e equipamentos militares, razão pela qual intensificou a vigilância com drones sobre o Mar Mediterrâneo. No entanto, até o momento, não apresentou provas concretas sobre a presença de armas nas embarcações atingidas.

A crescente violência reacende também os debates internos em Israel. Uma parcela significativa da população israelense questiona a eficácia da atual política de “cerco total” em Gaza e teme que a resposta internacional prejudique as já delicadas relações diplomáticas com aliados históricos. “Estamos à beira de uma nova guerra. Precisamos parar antes que seja tarde demais”, declarou o ex-primeiro-ministro Yair Lapid.

Enquanto isso, em Gaza, funerais se multiplicam e o sofrimento de milhões continua invisível para grande parte do mundo. A esperança de paz parece, mais uma vez, distante.

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